O AR QUE RESPIRAMOS
Na última publicação citamos os principais protocolos de treinamento relacionados a hipóxia, hiperóxia, apneia, etc. Todos relacionados com maior ou menor disponibilidade do composto gasoso que é o “ar que respiramos”.
Este ar é uma mistura dos gases que compõem a atmosfera da Terra. Ele é composto principalmente de nitrogênio (78%), oxigênio (21%) . O 1% restante é principalmente de argônio (Ar) e dióxido de carbono (CO2), com cerca de 0,035%. Os demais gases incluem[1] gases de efeito estufa como vapor de água, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e ozônio.
Além dos gases acima descritos, outras substâncias naturais devem estar presentes em pequenas quantidades em uma amostra de ar não filtrada, incluindo poeira, pólen e esporos, cinzas vulcânicas, compostos de flúor, mercúrio metálico e compostos de enxofre como o dióxido de enxofre.
Quando respiramos ar cuja mistura de gases dentro dos padrões acima descrito, significa que estamos em normoxia = normal (normal) + ox (oxigênio) + ia = estado normal de oxigênio.
Os efeitos da altitude na performance física
Para entendermos “como”, “por que”, “quando” e “se” podemos optar pelo treino em altitude, ou treino em hipóxia se preferir, é necessário primeiro conhecer também o significado de conceitos como altitude. gradiente térmico, pressão atmosférica, pressão barométrica, que vão influenciar a disponibilidade do ar que respiramos e até sua composição.
A “altitude“é um conceito que está relacionado a distância vertical (em metros) de determinado ponto em relação ao nível do mar.
A cada 150 m de altura a temperatura ambiente diminui cerca de 1 °C. Assim a temperatura ambiente diminui aproximadamente 6,5 °C a cada 1 quilômetro que a altitude aumenta. Essa variação chama-se nome gradiente térmico.
A pressão atmosférica também varia conforme a altitude e a temperatura ambiente sobem ou baixam. A Pressão atmosférica é o peso que o ar exerce sobre a superfície terrestre. Quanto maior a altitude, isto é, quanto mais elevado for em relação ao nível do mar, menor será a pressão atmosférica.
Pressão atmosférica ou pressão barométrica é a força exercida, por unidade de área, pela coluna de ar atmosférico acima de nós. As mais comuns unidades de medida da pressão atmosférica são o atm (atmosfera), o pascal (1 atm = 1,01.105 Pa), milibar (mb) e o hectoPascal (hPa).
Existem ainda muitas outras medidas, mais afetas a meteorologia e a climatologia ou mesmo a física do que ao treinamento desportivo.
Ao nível do mar uma coluna padrão de ar com base de 1 cm2 pesa um pouco mais que 1 kg. Tal pressão equivaleria a uma carga de mais de 500 toneladas sobre um telhado de 50m2.
Por que o teto de uma casa não desaba se tem tanta pressão acima dele? Porque a pressão do ar não atua apenas para baixo. Ela é a mesma em todas as direções: para cima/baixo e para os lados. Portanto, a pressão do ar dentro da casa contrabalança a pressão sobre ela.
Como foi dito, a medida que a altitude aumenta a pressão atmosférica diminui, pois diminui o peso da coluna de ar acima. Sendo o ar compressível, quanto maior é a altura menor é a densidade do ar. O que contribui para diminuir o peso da coluna de ar à medida que a altitude aumenta. Inversamente, quando a altitude diminui, aumenta a pressão e a densidade.
VARIAÇÃO DA “PATM” COM A ALTITUDE
Altitude (m) | Pressão atmosférica (mmHg) | Altitude (m) | Pressão atmosférica (mmHg) |
0 | 760 | 1200 | 658 |
200 | 742 | 1400 | 642 |
400 | 724 | 1600 | 627 |
600 | 707 | 1800 | 612 |
800 | 690 | 2000 | 598 |
1000 | 674 | 3000 | 527 |
A permanência em altitude mais elevada significa que embora o ar ambiente continue contendo os mesmos 21% de oxigênio, que iremos dispor de menor oxigênio (manter-se em hipóxia) propicia uma série de alterações fisiológicas (temporárias ou permanentes).
Na altitude, o ar ambiente continua contendo 20,93% de oxigênio, mas a pressão barométrica diminui e assim diminui também o número de moléculas de oxigênio por unidade de volume, ou seja, uma menor pressão parcial de oxigênio (pO2).
Estas alterações aumentam o fluxo sanguíneo para compensar a redução na concentração de oxigênio e aumentar a concentração de hemoglobina. Também ocorre aumento na síntese do hormônio eritropoetina. O processo de aclimatação varia de acordo com o tempo de exposição e o nível de altitude,
Cabe dizer que podem ocorrer problemas de saúde relacionados à hipóxia se não são tomadas as devidas precauções.
O modelo de viver em uma altitude média e treinar em uma altitude menor mostra-se como o método que produz os melhores resultados no desempenho.
continua…